Riscos climáticos no agronegócio: como as mudanças climáticas estão afetando a produção agrícola

Eventos climáticos extremos e temperaturas irregulares estão impactando a produtividade agrícola e exigindo adaptações urgentes no setor agropecuário.


Introdução

As mudanças climáticas têm se tornado uma das maiores preocupações do #agronegócio global, trazendo impactos significativos para a produção agrícola. Temperaturas extremas, alterações no regime de chuvas e a ocorrência de eventos climáticos extremos estão reduzindo a produtividade e colocando em risco a segurança alimentar.

Como os riscos climáticos afetam diretamente o desempenho do setor? Quais culturas são as mais impactadas? E quais estratégias os produtores estão adotando para mitigar esses efeitos?

Neste artigo, exploramos os impactos concretos das mudanças climáticas no agronegócio, com dados atualizados, estatísticas e casos reais.


O cenário das mudanças climáticas e seus impactos no agro

A temperatura média global aumentou em 1,1°C desde a era pré-industrial, resultando em fenômenos como secas prolongadas, enchentes e ondas de calor. No Brasil, essas variações climáticas podem reduzir em até 17% a produtividade agrícola até 2050, enquanto a demanda global por alimentos deve crescer cerca de 70% até o mesmo período.

As principais consequências no setor agrícola incluem:

  • Redução do rendimento das culturas devido ao estresse hídrico e térmico.
  • Aumento de pragas e doenças, intensificadas pelo aquecimento global.
  • Eventos extremos como secas, tempestades e geadas, que afetam diretamente lavouras e pastagens.

Exemplos:

Em 2021, quando a seca histórica no Brasil impactou severamente as lavouras café, levando a uma queda de 25% na safra de café arábica. O Paraná registrou uma quebra de safra de 60% na produção de milho devido à seca extrema, afetando os preços e a oferta de grãos no mercado nacional. A estiagem no Sul, entre 2020 e 2023, gerou perdas superiores a R$ 80 bilhões no setor agrícola.

Citação: “a cada 1°C de aumento na temperatura global pode reduzir a produtividade do milho em 7% e do trigo em 6%– Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)


Culturas mais vulneráveis às mudanças climáticas

1. Café:
O Brasil, maior produtor mundial de café, enfrenta riscos crescentes com o aumento das temperaturas e a irregularidade das chuvas. Dados mostram que até 2050, áreas adequadas para cultivo de café podem ser reduzidas em 50% em regiões tradicionais como Minas Gerais e Espírito Santo.

2. Milho e soja:
Essas culturas dependem de chuvas regulares e temperaturas estáveis. Em 2023, o excesso de calor e a falta de chuvas reduziram a produtividade da soja em 10% no Mato Grosso, principal estado produtor.

3. Cana-de-açúcar:
O setor sucroalcooleiro também sofre com as altas temperaturas, que diminuem a qualidade da matéria-prima. A safra de 2022 registrou queda de 13% em comparação a anos anteriores devido à seca prolongada.

4. Pecuária:
O gado é afetado diretamente pelo estresse térmico e pela perda de qualidade das pastagens. Um estudo revelou que o estresse térmico pode reduzir a produtividade do rebanho em até 30%.


Impactos econômicos e sociais

Os riscos climáticos não afetam apenas a produção agrícola, mas também têm impactos econômicos e sociais significativos.

1. Aumento dos custos de produção:
A necessidade de irrigação adicional e insumos agrícolas para combater pragas e doenças gera um aumento nos custos. Os custos de produção de grãos aumentaram em 18% nos últimos cinco anos devido às adversidades climáticas.

2. Perda de renda e competitividade:
As perdas na produtividade reduzem a oferta, pressionando o mercado e diminuindo a rentabilidade dos produtores. Em 2022, a estiagem causou perdas de R$ 45 bilhões ao setor agrícola brasileiro.

3. Êxodo rural e insegurança alimentar:
Pequenos agricultores, mais vulneráveis aos riscos climáticos, sofrem com a perda de safras e abandonam suas terras em busca de oportunidades nas cidades. Além disso, as quebras de produção afetam o abastecimento global de alimentos, aumentando a insegurança alimentar.

Citação: «A mudança climática está destruindo vidas e meios de subsistência. É essencial agir agora para proteger o futuro da produção agrícola», afirma António Guterres, Secretário-Geral da ONU.


Estratégias de mitigação e adaptação

Apesar dos desafios, produtores e empresas estão investindo em soluções tecnológicas e práticas sustentáveis para mitigar os impactos climáticos:

1. Agricultura de precisão:
Tecnologias de monitoramento climático, irrigação inteligente e análise de dados ajudam a otimizar o uso de recursos. Algumas empresas fornecem ferramentas que permitem reduzir o consumo de água em até 20%.

2. Sistemas integrados de produção:
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) promove maior resiliência climática ao diversificar o uso da terra. No Brasil, a adoção da ILPF já ocupa mais de 17 milhões de hectares.

3. Melhoramento genético:
O desenvolvimento de variedades resistentes à seca e ao calor é uma das principais estratégias. Cultivares de milho e soja desenvolvidos recentemente têm apresentado ganhos de produtividade de até 15% em condições climáticas adversas.

4. Práticas regenerativas:
A agricultura regenerativa, com foco na conservação do solo e no sequestro de carbono, também contribui para reduzir os impactos climáticos e melhorar a resiliência produtiva, assim como rotação de culturas e plantio direto.

5. Seguros rurais e políticas públicas:
O seguro rural é uma ferramenta crucial para proteger os produtores dos impactos financeiros das mudanças climáticas. Em 2022, o Governo Federal destinou R$ 1,3 bilhão em subsídios para seguros rurais, beneficiando mais de 120 mil produtores. A ampliação desse suporte é essencial para minimizar riscos no setor.


Casos de sucesso na adaptação climática

Fazenda Santa Fé (MT):
A propriedade adotou sistemas de irrigação de precisão e rotação de culturas para enfrentar a seca prolongada. Como resultado, a produtividade do milho aumentou em 12%, com redução de 15% nos custos de água.

Região do Cerrado Brasileiro:
Com o uso de cultivares resistentes à seca, pequenos produtores conseguiram minimizar as perdas durante a estiagem de 2021, mantendo até 90% da produção esperada.

Projeto Rural Sustentável:

No Brasil, o Projeto Rural Sustentável promove práticas resilientes ao clima, como recuperação de pastagens e manejo sustentável de solos. Em quatro anos, o programa beneficiou 20 mil propriedades, recuperou mais de 300 mil hectares e reduziu 6 milhões de toneladas de CO₂.

Índia: Agricultura climática inteligente:

Na Índia, o uso de tecnologia em sistemas de irrigação inteligente permitiu a redução de 30% do uso de água em pequenas propriedades agrícolas, aumentando a produtividade em 20% mesmo sob condições climáticas adversas.


Conclusão

Os riscos climáticos representam um desafio crescente para o agronegócio, mas também uma oportunidade para inovação e adaptação sustentável. A combinação de tecnologia, práticas agrícolas resilientes e investimentos em pesquisa tem mostrado resultados positivos no enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas.

O futuro do setor depende da adoção de estratégias que promovam não apenas a produtividade, mas também a conservação dos recursos naturais e a resiliência das lavouras. Como produtores e empresas podem se preparar para enfrentar os desafios climáticos nos próximos anos? A resposta passa pela inovação e pelo compromisso com a sustentabilidade.

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